Saúde > VI Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia
Congresso debate redução dos impactos psicológicos com Oncoplastia mamária
Reconstrução pode ser feita imediatamente após cirurgia de retirada do tumor, reduzindo impactos psicológicos
O câncer de mama é o segundo tipo mais frequente no mundo, conforme pesquisa feita pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA). A doença é mais comum entre as mulheres, correspondendo há 22% de casos novos por ano. No Brasil, estima-se que cerca de 50 mil mulheres serão diagnosticadas com a doença em 2013, sendo 4.220 em Minas Gerais e 1 mil em Belo Horizonte. Apesar da cura, o receio da cirurgia de retirada da mama é um dos fatores que influencia a detecção tardia da doença, cerca de 40% dos casos, sendo necessária a retirada da mama para eliminar a doença.
Os constantes avanços da medicina têm contribuído para uma melhor qualidade de vida delas e a integração social. A oncoplastia mamária é um conjunto de procedimentos que corrigem as deformidades resultantes do tratamento cirúrgico de eliminação do câncer de mama, devolvendo a auto-estima, identidade feminina e o convício social. O assunto será destaque na programação do “VI Congresso Mineiro de Ginecologia e Obstetrícia”, entre os dias 1º e 4 de maio, no Minascentro, em Belo Horizonte.
O mastologista e diretorda Associação de Ginecologistas e Obstetras de Minas Gerais (Sogimig), Clécio Lucena, afirma que a possibilidade de realizar a cirurgia reparadora imediatamente após a cirurgia de retirada do tumor proporciona mais confiança às pacientes e, consequentemente, melhores respostas ao tratamento. “A cada dia se alcança um resultado cada vez mais aprimorado, permitindo a melhor reintegração da mulher ao próprio corpo e ao seu convívio social. Quando as pacientes fazem esse procedimento imediatamente após a cirurgia de retirada do tumor, ficam mais confiantes e respondem melhor ao tratamento”, observa.
A operadora de caixa, Regina Célia Aparecida Silva, 47 anos, fez a cirurgia de reconstrução do seio em janeiro de 2013, logo após a segunda cirurgia de retirada do tumor. Mesmo não fazendo a reconstrução imediatamente após a primeira cirurgia, acredita que o resultado foi satisfatório e superou o impacto da descoberta da doença. “Precisei fazer duas cirurgias para retirar o nódulo. A reconstrução total da mama só foi feita após a segunda cirurgia. Mesmo havendo um tempo entre a primeira cirurgia, acredito que o resultado foi ótimo. A prótese igualou os seios e não ficou nenhuma cicatriz”, conta.
Ao contrário de Regina, a enfermeira Kenia do Couto Gonçalves, 31 anos, optou pela cirurgia de reconstrução do seio três anos após a cirurgia de retirada do tumor no seio esquerdo. Ela considerou o tempo importante para a cura física e psicológica da doença. “Na época, sofri muito com a doença e achei melhor focar no tratamento. Na cura. Graças a Deus, tive o apoio da minha família e a questão estética ficou de lado. Hoje, volto para o consultório para reconstruir meu seio e transpor essa página. Coloquei uma prótese e estou muito feliz com o resultado”, conta.
O mastologista destaca que, apesar de elevar a autoestima e reduzir os impactos psicológicos do tratamento, a cirurgia de reconstrução da mama não é recomendada para pacientes com diabetes, hipertensão grave e doenças do coração, entre outras, com pequenas exceções. “Logo que a doença é diagnosticada, é feito um planejamento para a indicação da melhor alternativa cirúrgica, bem como o real impacto da deformidade do tratamento original. Entretanto, devido ao alto risco cirúrgico, as pacientes portadoras de doenças crônicas não são consideradas candidatas a procedimentos reparadores”, alerta Lucena.
A aposentada, Dalila Peres Lima, 59 anos, possui diabetes e dois casos de câncer de mama na família. Ela conta que, mesmo com a autorização do médico, optou por não fazer a reconstrução total da mama. “A questão estética sempre abala a mulher e, mesmo com a autorização do meu médico para fazer a reconstrução total do seio, não me senti preparada para isso, até porque, tenho diabetes e a reconstrução total significa mais tempo de cirurgia. Prefiro priorizar a saúde”, conta.
A aposentada descobriu o câncer no seio direito em janeiro deste ano, quando recebeu o resultado da mamografia, feito anualmente. Muito animada e otimista, disse que, apesar de o abalo psicológico, ainda é muito confiante na cura, seu principal foco. “Operei há 15 dias. Fiz a reconstrução parcial do seio. Apesar de não ter noção do resultado, ainda não penso em fazer a reconstrução total, pois o meu foco é a cura”, afirma.
O mastologista explica que a oncoplastia, mesmo quando recomendada, causa sequelas funcionais evidentes, como a redução da sensibilidade do seio. “A cirurgia de reconstrução faz com que a mulher perca parcialmente a sensibilidade do seio, que pode, dependendo do caso, voltar ao normal aos poucos. De qualquer forma, com o tratamento, a mulher não poderá amamentar”, explica o médico.
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