ACERVO DO INIMÁ DE PAULA GANHA NOVA LEITURA E ESTÁ ABERTO A VISITAÇÃO
Após encerrar a exposição “Tridimensionalidades”, que se encontrava na ativa desde agosto de 2018, uma nova montagem do acervo do Inimá de Paula estampará as galerias do Museu Inimá de Paula a partir desta semana. O objetivo é disponibilizar trabalhos ainda não expostos e explorar outras dimensões do artista. São aproximadamente 50 obras que passam a ocupar três anexos do espaço cultural. A escolha dos temas ampara-se na ideia de tornar a exposição de arte em um dispositivo para a construção de múltiplas narrativas. “O que será apresentado nessa curadoria serão os olhares do artista sobre questões latentes aos modernismos em que Inimá esteve envolvido," comenta André Caviola, responsável pela curadoria.
Os visitantes poderão conferir quadros de sua coleção particular, autorretratos e desenhos, além de uma remontagem fiel de seu atelier. A entrada é gratuita.
SOBRE O MUSEU INIMÁ DE PAULA
Localizado em um prédio histórico na Rua da Bahia, onde já funcionou o Clube Belo Horizonte e o Cine Guarani, o Museu Inimá de Paula é gerido pela Fundação Inimá de Paula e é referência para a história da capital mineira. Inaugurado em 2008, o espaço reúne em Belo Horizonte um acervo permanente dedicado ao pintor mineiro Inimá de Paula, traçando um panorama completo de sua vida e obra, iniciado após o registro de quase duas mil obras em seis anos e da edição histórica de dois volumes de obras catalogadas em 2008. Todo esse material está à disposição da população, estudantes, pesquisadores, curiosos e demais interessados em conhecer um pouco mais sobre este importante artista mineiro. São expostas cerca de 80 obras do artista em constante rodízio, acompanhadas da remontagem de seu Atelier, Sala de Autorretratos e Galeria Virtual. O Museu Inimá de Paula tem sua manutenção patrocinada pelo Banco Santader através de incentivos da Lei Rouanet.
SOBRE O ARTISTA
Inimá José de Paula nasceu em Itanhomi, pequena cidade localizada no Vale do Aço, em Minas Gerais, em 07 de dezembro de 1918. Ainda adolescente, dedicou-se ao retoque de fotografias até que, em 1938, residindo em Juiz de Fora, começou a desenhar junto ao núcleo de Antônio Parreiras, chegando ao Rio de Janeiro em 1940, onde exerceu ofícios modestos que lhe garantiram a sobrevivência. Cursou o Liceu de Artes e Ofícios e transferiu-se para Fortaleza, a fim de trabalhar em um estúdio fotográfico. Teve na capital cearense, onde fundou o Grupo Cearense, amizades com Antonio Bandeira, Aldemir Martins e Pierre Chalboz. Ao lado desses artistas, expôs pela primeira vez uma coletiva na Galeria Askanazi, no Rio de Janeiro. Tendo Portinari como padrinho, realizou sua primeira exposição individual logo depois, na mesma cidade. Sua pintura na época seguia uma linguagem impressionista, e os temas preferidos eram naturezas-mortas e paisagens urbanas. Em 1952, recebeu o Prêmio de Viagem ao Estrangeiro dado pelo Salão de Arte Moderna. Em Paris, estudou com André Lothe e Gino Severine. Voltou ao Brasil em 1955, e suas telas passaram a apresentar paisagens urbanas, figuras compostas por planos e que revelavam a influência do futurismo de Severini e do cubismo de Lhote. Conviveu com artistas como Santa Rosa, Antônio Bandeira, Aldemir Martins, Kaminagai, Portinari, Iberê Camargo, Takaoka, entre outros, recolhendo sempre as melhores lições, sem abdicar de uma linguagem inconfundível. O seu estilo o consagrou como um dos mais autênticos e significativos intérpretes da sensibilidade tropical. Do impressionismo, passando pelo expressionismo e fauvismo brasileiro, bem como temas populares, pintou inúmeras favelas, paisagens urbanas e rurais de uma forma bela e marcante.
De índole lírica, era um artesão das cores, sendo considerado o nosso grande fauvista. Sua pintura, altamente elaborada e estruturada, com características bem definidas e pessoais, mostra, através de fartas e generosas pinceladas, paisagens de múltiplas tonalidades, encantando o espectador. Atualmente suas obras fazem parte do acervo de inúmeros museus brasileiros e conceituadas coleções em Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Fortaleza, Salvador, entre outros – e também no exterior. Com uma formação autodidata, dotado de enorme obstinação, transformou-se em um dos principais expoentes da pintura produzida no país no pós-guerra, figurando entre os maiores paisagistas modernos ao lado de Guignard e Pancetti.
SERVIÇO
Acervo de Inimá de Paula
Horário: Terça, quarta, sexta e sábado, de 10h às 18h30; Quinta, de 12h às 20h30; Domingo e feriados, de 10h às 16h30
Museu Inimá de Paula (R. da Bahia, 1201 – Centro)
Entrada gratuita